sexta-feira, 16 de outubro de 2009

A vida até parece uma festa



Infelizmente o verão acabou, ainda temos dias quentes, tardes ensolaradas e banhos de mar, mas hoje foi o dia mais frio desde que chegamos aqui. Mas o que eu mais gostei desses poucos dias de verão que estive em Barcelona foram os shows que acontecem na rua.


Muitos grupos musicais se apresentam nas ruas de Barcelona. Você pode ir andando pela orla e encontrar um grupo de cubanos tocando uma Salsa! Ou um grupo de jovens de vários países fazendo uma mistura de rock, com música indiana, sons de natureza, e claro o clássico bolivianos com flautas... e aqui fica uma galera ouvindo eles! Sucesso total!

E não é uma coisa assim improvisada, eles vem com geradores e baterias, vendendo cd´s. Pena que os cd´s são caros para nós latino americanos, 10 Euros, todos vendem cd´s a dez euros. Mas como eles tem mais ou menos uma localização fixa a melhor coisa é fazer um passeio a tarde e ir parando onde estão as pequenas aglomerações. E se tiver uma moeda dando sopa, afinal são bandas que em São Paulo certeza que só as encontraríamos em barzinhos da Vila Madalena.

Certeza que você pode encontrar essas bandas na Plaza Catalunha, Port Vell, no final das Ramblas, perto do monumento de Colón. E dizem por aí que elas só aparecem no verão.... espero que não...

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

O mistério da Ilha de Páscoa



Poucas histórias podem ser tão facilmente relacionadas com o presente como a do mistério da Ilha de Páscoa, é também um pouco assustadora, pois sabemos como terminou a história. Na verdade nunca soube da história toda e acho que a maioria não sabe também. Essa história foi contada na primeira aula do mestrado pelo Dr. Andri W. Stahel, que é brasileiro e falou sobre a sustentabilidade e os desafios para alcançá-la.


foto: Artemio Urbina

A Ilha de Páscoa é uma pequena ilha que apesar de pertencer ao Chile esta a milhas e milhas do continente e foi descoberta por navegadores holandeses em um domingo de páscoa; os holandeses quando ali chegaram encontraram uma ilha vulcânica com pouca vegetação e com estatuas gigantes feitas de pedra espalhadas pela ilha, que são conhecidas como Moais. Ao explorar mais a ilha descobriram que não era uma ilha deserta, havia uma pequena população primitiva que morava em cavernas, vivam em pequenos grupos e eram canibais. E a grande questão que os ingleses trouxeram da sua expedição foi como um povo completamente primitivo que não tinha domínio nem sobre a sua alimentação poderia elaborar estatuas com tamanha complexidade como as centenas que se encontravam espalhadas pela ilha.


Durante muitos anos a única explicação “plausível” foi a de que uma raça alienígena mais avançada havia feito essas estatuas. E como se poderia negar... afinal “porque não pode ter sido” não é resposta.

Foto: Donavan Navonod

Com o avanço da tecnologia, foi possível fazer sondagens no solo e descobrir que a ilha nem sempre foi seca, através das amostras de solo, foi possível encontrar pólen, ou seja, a ilha já foi coberta de árvores. Com novos dados nas mãos, novas versões foram criadas e atualmente a mais provável é essa.


A ilha foi habitada por uma população de polinésios que saiam ao mar em busca de novas terras. Eles levavam consigo batatas e galinhas, para caso encontrassem terra terem com que viver. Quando chegaram na ilha foi um sucesso, a batata cresceu que nem chu-chu, e as galinhas se multiplicavam como coelhos. (Esse é um mistério secundário... por que não levar chu-chu e coelho pra garantir comida? Deixa pra lá...) E plantar batata e criar galinha, era muito fácil, o que lhes deixava muito tempo para fazer outras coisas, dançar, pescar, construir casas, inventar rituais, jogar futebol (será?) e porque não... fazer estatuas gigantes de pedra! Esse era o principal hobby dos nativos. E os diversos clãs espalhados pela ilha competiam para ver quem fazia mais e maiores moais, e isso pedia cada vez mais moais.

E como eram feitos esses moais? A pedra da qual eram feitos vinha de um vulcão, que ficava no centro da ilha, e os clãs ficavam espalhados pelo litoral. Ou seja, o trabalho não era apenas fazer o Moai como levá-lo até o clã. Esse transporte era feito rolando a pedra em troncos de árvores por todo o caminho até a aldeia, e uma vez lá era usado um monte de troncos para levantar a pedra. Ai que começa o problema.

É claro que a falta de árvores na ilha de páscoa foi causada pelo excesso de Moais nas aldeias, mas como isso transformou a mais sofisticada civilização polinésia em canibais que vivem em cavernas? A madeira entre outras coisas era usada para construção de moradia, de redes de pesca, canoas, gol pra jogar futebol (será mesmo?), e os frutos complementavam a dieta dos habitantes da ilha.

Mas a grande pergunta é, eles não perceberam que estava acabando a floresta? Óbvio que perceberam, nós nem estivemos lá e percebemos que ia dar nisso! Mas o que foi que eles fizeram? Fizeram um trato entre clãs para que maneirassem nos Moais porque a madeira ta acabando, já existe estátuas suficientes, vamos disputar de outra maneira para ver qual clã é melhor que o outro, uma partida de futebol talvez... NÃO!!! Os habitantes perguntavam aos seus líderes porque estamos ficando sem ter onde morar, porque estamos com fome, porque estamos sem ter como pescar. E os líderes diziam - os deuses não estão satisfeitos conosco, temos que fazer mais moais! Até porque se eles não fossem cortar mais madeira, os vizinhos deles iriam. E olha que eles nem eram inimigos, eram apenas vizinhos! Até chegar uma hora que acabou a madeira, não havia nem sequer uma árvore na ilha. E isso é ilustrado pelos Moais que foram encontrados pelos ingleses, alguns estavam ainda no vulcão, outros estavam no meio do caminho. Chegou um momento em que a indústria dos Moais teve que parar.

Agora eles eram um povo desesperado sem casa, sem frutas do bosque, sem meios de pescar e o pior de tudo... sem canoas! Eles estavam literalmente ilhados, com uma ilha com recursos absolutamente escassos, com fome e cheios de Moais.

Com o tempo a fome fez com que esses povos entrassem em conflito, inicialmente pelas galinhas dos inimigos, tornando o centro da vida deles proteger as galinhas. Inevitavelmente a galinha era pouca assim que acabaram as galinhas. Acabou a galinha, mas... Bom sobrou o inimigo...

E acabou o mistério da Ilha de Páscoa, pelo menos o mistério histórico. Mas e o mistério do homem da Ilha de Páscoa, como uma civilização tão avançada capaz de fazer ídolos enormes de pedras que pesavam toneladas, não foram capazes de parar de alimentar um costume que os estava matando. Mas não atiremos a primeira pedra... Afinal e nós? Quando vamos parar de alimentar costumes que nos matam? Quando vamos repensar o modo de fazer nossos ídolos enormes?

Os habitantes da Ilha de Páscoa nem viram o ponto que a água estava no pescoço, quando estava no peito eles se agarraram a uma pedra e tibum. Nós por outro lado já estamos sentindo a água subir e buscamos soluções com energias limpas ou equipamentos mais eficientes, mas o problema é o ritmo que as coisas andam. E o PROBLEMÃO é que agora não estamos falando só uma ilha...

Eu acho que estamos buscando uma solução.

Acredito que estamos tentando mudar o modo de fazer nossos Moais

Eu sei que as nossas “árvores” estão acabando

E eu tenho certeza que não temos canoas pra fugir.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Les Castelles





Uma tradição milenar catalã foi o que nos metemos um dia na Mercè. Originado de uma outra tradição de outra parte da Espanha, a Moixiganga praticada na região valenciana de Algemesí.


Esse tradicional ritual que chega a agrupar 300 pessoas acontece em toda festa popular da Catalunha que se preze. É formada por homens, mulheres, crianças das mais variadas idades, quanto mais variar melhor. Elas vão trabalhando juntas em diferentes setores, que tem até nome:

· Pinya: Base do Castelle, onde fica aquela montoeira de gente, entre pessoas do próprio grupo, do grupo rival, o vovô que já passou da idade de subir nas costas do pessoal, turistas, esse que vos escreve inclusive também estava nessa montoeira também.

· Tronc: É a parte em que as pessoas se agrupam em pequenos grupos uns em cima dos outros, inclusive os que ficam ocultos no centro da Pinya.

o Dentro do tronc, na verdade em cima do tronc, existem subpartes, os dosos, que são os dois castellers que formam o último andar.

o O acotxador, que é um dos menores participantes do Castelle, que é o que fica agaxado em cima dos dosos

o E finalmente a anxaneta, que é aquele moleque magrelo em cima de todo mundo que ao levantar o braço completa o Castell.

E são sempre acompanhados de uma banda tocando instrumentos tradicionais. A banda só começa a tocar quando o técnico manda. Ele tem até um dado momento para desistir da formação do castelo sem perder pontos. A partir do momento que a banda toca ta valendo!


Além de ser uma comemoração completamente sem par para nós brasileiros, é muito emocionante ver como eles participam juntos e comemoram juntos um esforço imenso pelo simples prazer de perpetuar um ritual que para eles representa tanto. Não é a toa que eles mantém tão forte a sua identidade Catalã. Descobrindo um pouco da história desse país dentro do outro se encontram diversos momentos em que eles se enfrentaram, e a rixa entra a Catalunha e a Espanha continua viva nos dias de hoje, inclusive o jogo Barça contra Real Madrid tem um preço aparte no Camp Nou.


Mais fotos no Flickr!

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Ação, religião, arte e ciências. Fim de semana por 6 euros.

É claro que estando na Europa tem que se ter em mente que quem converte não de diverte, mas nem por isso você precisa gastar dinheiro para se divertir no fim de semana. Como passear um fim de semana sem gastar 10 euros.

Claro que como já estamos instalados aqui não gastamos com comida, já foi pré gasto no mercado. Mas mesmo assim em muitos lugares se como por 7 euros com bebida inclusa, e vinho, que é mais barato que Coca Cola. Mas voltemos ao fim de semana.

Como falei no post anterior esse fim de semana aconteceu o Red Bull Air Race, uma corrida de aviões monomotores na praia de Barcelona, passou no ESPN se alguém teve a oportunidade de assistir. E claro como bons farofas que somos, fomos. E fomos cedo, sorte nossa porque outras 1.399.999 pessoas foram ver a corrida, isso mesmo, quase um milhão e meio de pessoas!!! Insano...

A corrida é bem legal, apesar de ser repetitiva, mas com certeza é melhor que ficar em casa vendo Bob esponja, que parece que é a única coisa que passa em uma canal daqui, toda vez que ligamos a Tv ta passando Bob esponja! Aliás a TV daqui merece um post... anotado. Mas a Festa al ciel, que acontece todo ano, teve outras atrações aéreas como acrobacias aéreas e a apresentação de vários aviões, inclusive um caça que ficou dando voltas em Barcelona. Se ouvia de longe o motor do bicho.

Voltando pra casa, vimos que ia ter um festival da Índia nas Ramblas, perguntamos pra uma indiana que estava de bobeira por lá e ela falou que o show era de graça então não deu outra, a noite estávamos lá! Foi bem legal, estava rolando um Hare Krishna e umas danças indianas, e eles começaram a dar umas garrafas de água pra todo mundo. Tudo bem uma água, não vamos abusar dos hare krishnas né, afinal eles já estão fazendo o show no meio das Ramblas... mas antes que nos déssemos conta eles começaram a distribuir marmita pra galera! Com umas comidinhas boas... pois é saiu melhor que a encomenda, fui ver uma apresentação, que foi bem legal e ainda ganhei um rango grátis.

No segundo dia, acordamos mais cedo e fomos no museu de arte contemporânea de Barcelona, projeto do Richard Meyer. Animal o edifício, tem uma presença na praça em que se situa. Um volume totalmente branco e horizontal , no meio das ruas estreitas e edifícios igualmente estreitos e verticais do Raval. Seria mais impressionante se tivéssemos dado de cara com ele sem saber, pois a praça em que se situa se assemelha com outras semelhantes espalhadas pelo bairro, como respiros em um labirinto essas praças deixam a luz entrar um pouco mais nesse bairro de origem operária. Por sinal é o bairro que estamos morando.

Particularmente, eu não entendo muito de arte contemporânea então o que eu gostei mais mesmo foi o edifício em si, se você amigo arquiteto tiver muito contando cada centavo, vale a pena visitá-lo nem que seja só por fora, apesar que a graça de um edifício do Richar Meyer é entrar no edifício, pois ele é conhecido pela maestria com que trata a luz em suas obras, e realmente o átrio que se encontra a rampa que da acesso as salas, fachada principal do museu, é mais impressionante por dentro que por fora. Esse foi nosso único gasto com diversão no fim de semana e também foi bem pouco, sete euros.

Para aproveitar o nosso último dia sem aulas, fomos para outro lugar, Cosmo Caixa que fica pelos lados de Tibidabo, pode dar preguiça porque não tem metro mas também da praça Catalunya em 15 minutos se chega lá de ônibus. E chegando lá... Surpresa!!! Primeiro domingo do mês não pagava entrada!!!

O Cosmo Caixa é um museu de ciências para crianças... Mas a idade não importa né afinal.... se você é jovem ainda, jovem ainda, jovem ainda!.... E realmente vale a pena visitar! Da pra passar um dia inteiro lá! Lá tem uma seção imitando a selva amazônica que é realmente impressionante, além de muitas outras coisas realmente bacanas.

E o edifício também é incrível, foi um projeto de restauro e reutilização de uma fábrica de Barcelona, e a maneira como os edifícios se ligam é muito harmoniosa e os espaços são interesantíssimos.



Esse foi o nosso fim de semana, espero que tenha tido paciência de ler até o final e quando vier para Barcelona não esqueça de visitar o Cosmo Caixa, certamente não é um dos lugares mais característicos de Barcelona, mas se você se interessa por ciência, ou quiser virar criança novamente por algumas horas, lá é o lugar para isso. Até a próxima.


sábado, 3 de outubro de 2009

Le Mercè... Because I Wanna!!!




Essa foi a nossa experiência nessa festa de Barcelona que teve início em 1902. El Mercè, é a festa da Matrona da cidade de Barcelona, e claro que os catalões sendo tradicionalistas como são, eles fazem uma enorme festa! E nós, como disse a Erika, caímos de para quedas bem no meio dessa celebração.

Durante a Mercè o ajuntament de Barcelona

monta palcos

pela cidade, abre museus, realiza costumes tradicionais até faz parar de chover, pois nos dias anteriores sempre chovia à tarde.

Como a Erika disse, nossa primeira participação na Mercè foi com os bonecos gigantes na Praça Sant Jaume, são uns bonecos que se assemelham muito aos bonecões de Olinda. Eles são agrupados, pelo que eu entendi, por bairros da cidade e cada grupo é acompanhado de uma bandinha com instrumentos tradicionais da Catalunha

Seguindo essa linha de coisas tradicionais, um outro dia tive

mos a oportunidade de ver de pertíssimo os Castelles, que são aquela pilha de espanhóis empoleirados uns nos ombros dos outros, que em uma primeira vista parece um caos, mas eles tem até um mapa para saber na cabeça de quem eles tem que pisar.



Foi realmente incrível ver a emoção, nossa quando esperamos a criancinha que fica no topo levantar a mão para validar a torre, quanto deles ao descer e comemorar o feito. Eu até pude participar da massa de pessoas que fica na base da torre, foi bem legal participar desse grupo de até 200 pessoas que tem por objetivo.... bom num sei direito qual o objetivo, mas é legal mesmo assim.


Mas o que é mais legal nessas coisas tradicionais é que essas pessoas não são do circo da cidade, ou esportistas, elas são pessoas comuns com trabalhos comuns que estão completamente ligadas a sua cultura, sem qualquer tipo de vergonha ou preconcei

to. É como se o Roberto Justus tivesse uma banda de axé.

E nessa mesma praça que vimos essa tradição milenar espanhola, durante a noite o edifício mais importante da praça recebe projeções muito legais mostrando um pouco de Barcelona e do seu povo. Mas essa vocês tem que ver com seus próprios olhos.

As atrações musicais então, foram sessenta artistas em oito palcos provenientes de 14 países, tornando clara o quão cosmopolita é Barcelona. E olha, assistir The Hives no meio da rua... foi muuuito legal!! E que coincidência, estávamos combinando de encontrar com o Sancho por um tempão e num dava certo e logo lá no meio dessa galera agente se encontra... Barcelona é um ovo!!

E o fechamento da Mercè então... 150 mil pessoas na Plaza de España para ver o Piromusical, que é uma queima de fogos de 30 minutos acompanhada de música, muito bem feito! Eles não economizam em fogos não...


E ainda tem uma atração retardatária que é imperdível, no fim de semana agora vai ter Red Bull Air Race, que é uma corrida de aviões no mar, com certeza estaremos lá!!

Esse post eu sei que escrevi demais... mas é que realmente foi demais!!! (E no momento com apartamento e sem internet fica difícil ficar indo em Cybercafé) Então quando forem visitar Barcelona façam tudo o possível para vir nesse final de setembro para pegar essa festa! Pra ser melhor só se vocês, meus amigos e familiares do Brasil pudessem estar com agente nessa mega comemoração!! Hasta Luego!!

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Mercè 09



E assim de repente, sem saber o que estava acontecendo, estávamos na Merce 09 , muita gente na rua, quase um carnaval.


Nossa primeira atração foi a dos Gegants de la ciutat, bem perto da nossa rua, foi muito legal....em seguida, já com a programação em mãos passamos por muitos espetáculos, todos muito bonitos como o de Projeções na Praça Jaume, Fogos na Barceloneta, Feira de degustação de vinos e cavas, Castelles no dia seguinte e um gran final nas fontes do Monjuic com fogos e música. Isso sim que são boas vindas!!!